Consciência coletiva no ambiente de trabalho: o que deixamos pelo caminho?

Participei do evento de celebração dos 130 anos da assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão, realizado no Blue Tree Premium Faria Lima. Entre falas emocionantes e encontros significativos, uma frase dita logo na abertura da palestra da jornalista Taiga Gomes ficou em meus pensamentos até agora:

“O LIXO É DE CADA UM.”

Pode parecer algo simples e até óbvio, mas o significado dessa máxima japonesa vai muito além do que está à vista. Ela representa um pilar profundo da cultura nipônica: a consciência coletiva. Lá, o lixo é realmente responsabilidade de quem o gera. Não há lixeiras públicas em cada esquina, e ainda assim as ruas são impecavelmente limpas. Por quê? Porque há uma consciência real de que aquilo que eu faço, mesmo que seja pequeno ou pessoal, reverbera no coletivo.

O que isso tem a ver com o ambiente corporativo? 

Foi inevitável fazer o contraponto com o nosso ambiente corporativo. O quanto somos, de fato, responsáveis pelo que deixamos no “caminho” considerando ideias, palavras e comportamentos? O quanto cuidamos para que nossas atitudes não invadam ou prejudiquem o espaço do outro?

Vivemos um tempo em que opiniões são, muitas vezes, “jogadas” sem filtro, sem escuta, sem perceber o outro. Uma superficialidade que, infelizmente, tem tomado conta de muitas relações no ambiente de trabalho. A consciência coletiva neste meio — ou a falta dela — se reflete diretamente na cultura organizacional, na convivência e no bem-estar das equipes.

A sabedoria japonesa e a força do grupo

Consciência coletiva é um dos principais pilares da sociedade japonesa.

O Japão nos convida, com sua maturidade milenar, a repensar essa lógica. A coletividade lá não anula o indivíduo, mas fortalece uma convivência harmoniosa. Ser parte de uma comunidade — seja de uma rua, uma empresa, uma equipe — significa agir com respeito, olhar ao redor e, sobretudo, pensar antes de agir. É um “ser indivíduo” que não atravessa ou extravasa o outro.

Enquanto cultura ainda jovem que somos, talvez nos falte esse freio. Temos ímpeto, criatividade, agilidade — e isso é incrível. Mas a maturidade e sensibilidade também se constroem com pausa, escuta e consciência. E o turismo corporativo, setor no qual atuamos diariamente, é um terreno fértil para esse aprendizado e equilíbrio.

É nas viagens, nos encontros, nos eventos, que temos a chance de nos conectar com diferentes culturas, ampliar nossa visão e refletir sobre o tipo de sociedade e de empresas que queremos construir.

A responsabilidade individual impulsiona a consciência coletiva

O encontro trouxe isso de maneira muito sutil e profunda. Por meio das experiências compartilhadas por Taiga e Chieko Aoki, presidente da Blue Tree Hotels, saímos todos tocados por uma cultura que entende o coletivo como extensão do eu e que cuida do ambiente, do outro, do tempo e das palavras. Que sabe que o lixo é de cada um e que a responsabilidade também é.

Quando analiso o senso de grupo e a consciência coletiva, não posso deixar de fazer um paralelo com o que vivemos na ALAGEV. Já somos centenas de participantes atuando em 17 comunidades que discutem temas relevantes, compartilham boas práticas e refletem sobre novos comportamentos para o nosso mercado. Cada comunidade — como Aviação (CA), Agências de Viagens (CAC), Hotelaria (CH), Mobilidade (CMOB), Tecnologia (CTIE, CTIV) e tantas outras — é uma oportunidade valiosa de conexão com quem vive realidades semelhantes, enfrenta os mesmos desafios e busca caminhos para soluções, evolução empresarial e, acima de tudo, desenvolvimento.

Esses espaços nos mostram, na prática, que crescer junto é sempre mais potente do que sozinho. E que a consciência de contribuir com o coletivo — seja com ideias, iniciativas ou ações concretas — é parte fundamental da construção de um mercado mais ético, eficiente e humano.

E você, o que tem deixado pelo caminho? 

Fica o convite: o que você tem deixado para trás no seu ambiente de trabalho? O que você pode recolher? Como sua individualidade pode somar e não sobrepor ao coletivo?

Essas são perguntas que, mais do que respostas prontas, merecem ser carregadas conosco, como forma de amadurecimento pessoal e profissional. Porque, no fim, a mudança começa dentro.

E, sim: o lixo também.

 


Luana Nogueira

Diretora Executiva da ALAGEV

 


 

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