Viagens corporativas recuaram 3,6% em 2015

23/02/2016

Se faltava apenas uma confirmação oficial para a percepção do setor de que 2015 deixou um rastro negativo para o turismo de negócios, não falta mais: pela primeira vez, em pelo menos 10 anos, o setor viu as suas receitas diminuírem. A queda, de 3,6% em relação a 2014, foi apontada pelos Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas (IEVC), divulgados pela Associação Latino-Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas (Alagev). No total, foram gerados 38,73 bilhões de Reais pelo ramo no País no ano passado, contra 40,17 bilhões de reias no período anterior.

"É um dado que reflete o que foi 2015, o que vimos na prática durante o ano", comenta o presidente da entidade, Eduardo Murad. Apesar da queda, o mandatário ainda relativiza o dado por não ter representado um tombo tão grande como se imaginava. "Acompanhou mais ou menos a queda da economia e do turismo como um todo, mantendo a parcela histórica do turismo de negócios em 55% do total do segmento", continua Murad.

A principal justificativa para a redução do montante gerado é a crise econômica que o País enfrenta. Embora o dirigente garanta que o número de viagens até não seja tão afetado, o mesmo não se pode dizer do orçamento destas viagens. "Continua-se viajando, mas de forma otimizada. Em vez de ir um dia antes e dormir no hotel, por exemplo, viaja-se de manhã e volta no mesmo dia", comenta Murad. A pesquisa também apontou quedas no impacto na economia, de 75,93 bilhões a  70,57 bilhões de Reais, e no número de empregos, de 752.921 para 725.589 vagas.

Outro motivo é o corte ou o encurtamento dos eventos devido a dificuldades de patrocínios, tanto públicos como privados, ou mesmo nas vendas de estandes. Eventos que antes tinham duração de cinco dias diminuíram a programação para três, por exemplo, para caber no bolso dos expositores. "Resolve o problema de locação da feira, mas nisso o hotel perdeu duas diárias", comenta o superintendente do Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, José Amilton Lopes. Os eventos movimentam mais de 65 setores da economia do local onde acontecem.

O segmento corporativo é o principal responsável pelo fluxo de turistas na Capital, que também sentiu o baque da retração. "Ainda estamos trilhando um caminho tortuoso desde o pós-Copa, que deve continuar em 2016", afirma Lopes. Em 2015, segundo o Bureau, foram 166 eventos (excluindo-se os de cunho cultural) realizados na cidade, com impacto de 49,26 milhões de Reais. Em 2016, até o momento, há cadastrados outros 51 eventos, com geração de 21,35 milhões de Reais - os números se consolidam ao longo do ano.

Como trabalha com antecedência média de um ano e meio a dois anos para a captação de eventos, Lopes antevê uma retomada, mas apenas a partir de 2018. "Temos com certeza um ano bom já garantido em 2019, com vários eventos de 5 mil a 7 mil pessoas", projeta o executivo. Já para o País, Murad imagina uma curva ascendente mais veloz. Feito com as mesmas bases do estudo do ano anterior, a projeção para 2016 do IEVC é de crescimento de 0,4%, praticamente estável.

Fonte: Jornal do Comércio

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