Lançado pela Empresa de Planejamento e Logística (EPL), estatal de pesquisas no setor, e pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, o documento traz informações sobre os sistemas de transporte em geral no país, com o intuito de ajudar na formulação de políticas públicas e na tomada de decisões sobre o setor.
O anuário aponta uma expansão do uso do transporte aéreo no período não só para as rotas nacionais. Entre 2010 e 2016 o número de passageiros pagos transportados em voos internacionais subiu de 15,4 milhões para 20,8 milhões, um incremento de 34,1%.
A quantidade de voos internacionais à escolha no mercado também aumentou no período, de 117,5 mil para 134,3 mil, com 14,3% mais opções em 2016 do que em 2010. Já a quantidade de voos domésticos caiu, apesar do aumento da quantidade de passageiros. Eram 844,7 mil rotas em 2010 contra 827,8 mil em 2016, ou seja, uma redução de 2%.
Reversão
O levantamento traz outros dados que sinalizam um arrefecimento da demanda pelo transporte aéreo. A taxa de ocupação de voos domésticos cresceu 12 pontos percentuais entre 2010 a 2014, passando de 68% para 80%. Nos últimos três anos, no entanto, permaneceu estável nesse patamar. Já a ocupação dos voos internacionais subiu de forma menos intensa e registrou algumas quedas no período entre 2010 a 2016. No ano passado, estava em 84%.
A quantidade de aeronaves registradas no país também caiu recentemente. Houve alta de 4,7% nos registros entre 2010 e 2016, mas recuo de 9,1% entre 2015 e 2016.
“O setor aéreo passa por um momento de reestruturação. A diminuição da frota
de aeronaves registradas é consequência da recessão econômica, que esfriou a demanda por passagens aéreas e reverteu a trajetória de crescimento do setor. A aviação viveu um momento de ascensão da oferta entre 2003 e 2012. A partir de 2013, começaram a aparecer sinais de que esse ciclo tinha se esgotado”, afirma o diretor-presidente da EPL, José Carlos Medaglia Filho.
O presidente do Instituto de Segurança do Trânsito (IST), David Duarte, também credita a queda no transporte rodoviário e expansão do transporte aéreo a reflexos do período pré-crise econômica. “O que aconteceu com as viagens aéreas é que, considerando o período todo, houve um incremento, as pessoas utilizando o transporte aéreo para as viagens mais longas. Mas, mais recentemente, essas viagens diminuíram”, ressalta.
Tipos de veículos
O anuário revela também que o veículo mais presente nas vias do Brasil é o carro. Em 2016 havia 51,3 milhões de unidades circulando, o equivalente a 56,2% da frota terrestre do país. Por outro lado, as motocicletas, apesar de ocuparem o segundo lugar na frota, com 24,9 milhões de unidades – 27,9% do total – cresceram mais que os automóveis. Enquanto a frota de veículos de passeio aumentou 37,9% no período, a de motocicletas teve um incremento de 52,1% no período analisado.
O governo avalia, na pesquisa, que “o crescimento da frota desde 2010 foi impulsionado por políticas de incentivo à indústria automobilística, com a concessão de crédito e isenções tributárias”. Segundo o documento, observa-se um movimento de desaceleração a partir de 2014. Entre os incentivos concedidos ao setor automobilístico nos últimos anos estava a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros, que terminou em 2015.
Para David Duarte, do IST, a crise econômica impactou na aquisição de carros e nas viagens terrestres dos brasileiros.“Se a gente pegar, por exemplo, nas rodovias com pedágio, a quantidade de veículos que passam por ali reduziu sensivelmente” afirma.
Segundo o Anuário Estatístico do Transporte, além de carros e motocicletas, em 2016 a frota terrestre do país era composta por utilitários (11,7%), caminhões (3,6%) e ônibus (1,1%).
Fonte: Hosteltur