Para quem ainda não sabe, o blockchain é uma plataforma de banco de dados que armazena um registro permanente de transações, à prova de violação. Embora possua alguns princípios simples no seu núcleo, a tecnologia em torno dele pode ser bastante complicada.
"O blockchain é uma plataforma de contabilidade distribuída. É como ter um livro de dados digital estabelecido em nuvem, com débito de um lado e crédito do outro, sendo todos estes processos sincronizados", explica a vice-presidente de Soluções Globais de Pagamento de Viagem da Travelport, Alexandra Fitzpatrick.
Sempre que qualquer transação é feita entre partes em uma rede, ou seja, entre um comprador e um vendedor, ela é configurada para o que é conhecido como “bloco” e compartilhada por todas as partes dentro da rede, contendo informações cruciais como as identidades do comprador e do vendedor, detalhes da transação, o valor da carteira digital do comprador a partir da qual o pagamento é feito e o saldo não utilizado retornado ao comprador.
A transação é instantânea e a gravação não é permutável. O bloco é então adicionado a uma cadeia, que registra todo o histórico não reversível das transações em um livro público.
APLICAÇÃO NAS VIAGENS CORPORATIVAS
A parte dos pagamentos é a principal razão pela qual o blockchain foi criado, já que ele atua como um facilitador da bitcoin e outras moedas digitais. Mas os compradores e vendedores não precisam manter uma moeda digital própria para concluir uma transação através do blockchain. Em vez disso, a moeda digital atua como um token dentro do processo para garantir a transmissão segura e imediata do pagamento por meio da rede.
"A forma como o faturamento acontece na indústria de viagens hoje ainda é muito ineficiente. Se você entrar no mundo do blockchain, a necessidade de cartões de crédito será eliminada", afirmou o diretor sênior de Serviços da SAP Mobile Services, Johnny Thorsen, durante o Business Travel Show, realizado no início deste ano, em Londres. “Afinal, por que não ir para o pagamento digital instantâneo, onde você manda dinheiro para um fornecedor [de hotel] quando a porta do quarto do hotel se abre? Quando você sair, no último dia, saberá o que gastou de adicional e isso é pago - e documentado - instantaneamente. Isso poderia eliminar por completo o relatório de despesas", destaca o especialista.
A sócia parceira da IBM para Práticas Digitais em Consultoria, Patricia Partelow, imagina uma cadeia de blocos inserida nas transações entre companhias aéreas, TMCs e seus clientes corporativos. "Um único logotipo registra e verifica os bilhetes que as companhias aéreas enviam aos passageiros, as taxas que o cliente paga à TMC e as tarifas que a TMC paga a companhia aérea", explica ela.
A IBM também está desenvolvendo uma identificação verificada de indivíduos, o que poderia acelerar o progresso dos passageiros nos aeroportos. "Se você sabe quem eu sou, talvez eu nem tenha que carregar meu passaporte. Uma vez que minha identidade é verificada, ela pode ser colocada em uma cadeia de blocos, que irá armazenar um registro imutável de quem eu sou", afirma Patricia. Mais uma vez, a ideia é usar a tokenização. Qualquer autoridade que acesse o registro não verá os detalhes pessoais do passageiro. Em vez disso, verá a confirmação de que os detalhes foram verificados e uma correspondência com essa confirmação que faça uso de biometria, como o reconhecimento facial, por exemplo.
Porém, ainda é impossível saber quais dessas ideias darão certo e inúmeras questões permanecerão sem resposta. Enquanto isso, é possível definir algumas potenciais aplicações da cadeia de blocos para viagens de negócios. São elas:
• Pagamento automatizado e invisível sem a necessidade de o viajante se envolver. Maior transparência para pagamentos envolvendo conversões monetárias;
• Contratos inteligentes em que o pagamento é ativado automaticamente quando os termos do contrato forem cumpridos;
• Sistema mestre para administrar programas de fidelidade;
• Controle sobre quem pode entrar em um aeroporto;
• Identificação verificada e pagamento entre hosts e convidados de sites de alojamento, como o Airbnb;
• Monitoramento de fluxos de transações e pagamentos entre fornecedores, empresas de gerenciamento de viagens e clientes corporativos;
• Sistema de compensação para pagamentos entre companhias aéreas;
• Os pagamentos digitais de menor custo podem substituir os cartões corporativos e mesmo os virtuais.
Fonte: Panrotas