Nos próximos dez anos, a economia brasileira vai crescer muito pouco, e a média de crescimento vai estar entre 2% e 2,5%, o que é péssimo do ponto de vista do desenvolvimento brasileiro. “Se crescermos 2%, e o mundo crescer 4%, isso significa que o Brasil está ficando para trás. Vai ser importante nos próximos anos voltarmos a discutir uma agenda de desenvolvimento econômico para saber como o Brasil vai sair desse processo de semiestagnação e voltar a crescer”, sentencia o economista José Luís Oreiro, professor adjunto da Universidade de Brasília (UnB), em entrevista publicada no site do Instituto Humanitas Unisinos:
Para Oreiro, o país está no caminho que o economista da Fundação Getúlio Vargas Nelson Marconi chama de regressão produtiva. Ou seja, a estrutura produtiva ficou menos sofisticada. “Na medida em que isso acontece, o potencial de crescimento da produtividade se reduz e com isso tem uma redução do crescimento potencial da economia. Se o crescimento potencial da economia na década passada era algo em torno de 4%, depois desse movimento de regressão produtivo, o potencial caiu abaixo de 2%. Então, mesmo que não tivesse ocorrido nenhum fator do ponto de vista do ciclo econômico, o Brasil já teria uma desvalorização do crescimento de forma bastante pronunciada de 4% para algo em torno de 1,5 a 2%.”
“Teremos de encarar de modo muito sério a reindustrialização da economia brasileira. Esse será o ponto central, porque não teremos crescimento acelerado com base em uma economia exportadora de commodities e intensiva em serviços de baixa intensidade e baixa intensidade tecnológica. Para que o Brasil possa crescer de forma sustentável, vamos ter de reindustrializar a economia, mudar a pauta de exportação em direção a produtos manufaturados e reduzir o peso do setor de serviços na economia brasileira, porque ele está inchado, e esse é um setor predominante de baixa produtividade e baixa intensidade tecnológica”, finaliza Oreiro.
Fonte: Monitor Digital