As passagens aéreas para assistir aos jogos da Copa custam até cinco vezes mais do que em outros dias próximos. É o que acontece, por exemplo, com os bilhetes de quem parte do aeroporto de Guarulhos (SP) para ver o jogo entre Brasil e Camarões, em Brasília, em 23 de junho.
Voltar a São Paulo no dia seguinte ao jogo sai cinco vezes mais na Gol e na Avianca, o triplo na Azul e uma vez e meia na TAM o valor que essas mesmas companhias cobram dois dias após o jogo.
O fenômeno da passagem mais cara perto dos jogos se repete em 34 de 59 trechos pesquisados (58%) nas quatro empresas, detentoras de 99% do mercado no país.
A Folha simulou viagens a partir do aeroporto de Guarulhos, o maior do país, para acompanhar as partidas de Brasil, Estados Unidos, Colômbia, Alemanha e Argentina, cinco dos países com mais turistas na Copa do Mundo.
Segundo a TAM, a Gol e a Azul, a situação é reflexo da grande procura por passagens aéreas horas antes e logo depois dos jogos em rotas que envolvam a Copa. A Avianca não respondeu.
A política de preços obedece à lógica da oferta e de demanda. Se mais gente procura os voos e a aeronave enche, o valor dos lugares restantes sobe; na outra mão, se o voo está vazio, os preços caem.
É o que também ocorre em feriados prolongados, diz Adalberto Febeliano, consultor da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).
"A empresa aérea tem que aproveitar enquanto a demanda está mais forte para melhorar suas margens", diz.
A menos de 20 dias para o início da Copa, vários voos aparecem como esgotados nos sites das empresas, como para Cuiabá e Fortaleza.
Em Fortaleza, diz Febeliano, não haverá vagas em hotéis para todos os que assistirem aos jogos. Com base na capacidade da rede hoteleira e no estádio, ao menos 15 mil pessoas, estima, terão que fazer o "bate-e-volta" -ir antes do jogo e voltar horas depois.
A TAM acrescenta que 60% das passagens dentro do Brasil que vendeu para o período da Copa do Mundo -não necessariamente para as cidades-sede e em dias de jogos- foram abaixo de RS 200 mais barato
De outro lado, o passageiro que viajar bem na hora de uma partida da Copa pagará quase o preço de tarifa promocional. Há voos nas cidades-sede abaixo de RS 150 nas quatro empresas aéreas. O mesmo se dá com voos internacionais no período.
Segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), a tarifa média para a Copa do Mundo recuou 33%, de RS 489,12 em outubro para RS 328,11 em março.
A ocupação média dos voos para as cidades-sede era de 26% na quarta-feira da semana passada (21), segundo dados apresentados à Câmara pelo presidente da Anac, Marcelo Guaranys.
Fonte: Folha de São Paulo