Ainda que todo viajante corporativo enfrente preocupações relacionadas a segurança, não dá pra negar que as mulheres que viajam a trabalho têm de lidar com questões ainda mais complicadas, como assédio e atenção indesejada, por exemplo.
Recente pesquisa desenvolvida pela empresa Maiden Voyage, que fornece recursos para mulheres que viajam a trabalho, revelou que 31,4% das entrevistadas já sofreram assédio sexual durante uma viagem, e os riscos também se estendem a roubo, assalto, estupro e sequestro, fatores que tornam a questão da segurança responsabilidade das empresas onde elas trabalham.
O relatório 2016 Women in Business Travel Report também mostra que 77% das entrevistadas querem que o programa de viagens de suas empresas considerem suas necessidades como viajantes corporativas, o que, segundo a CEO da Maiden Voyage, Carolyn Pearson, pode ser feito de diversas maneiras.
Em entrevista ao Skift, ela conta que muitas corporações não enviam funcionárias mulheres a viagens de negócios para não terem que lidar com a responsabilidade por sua segurança, atitude que pode acarretar perdas significativas nos negócios e barrar o desenvolvimento dessas profissionais. Muitas das empresas também não se comprometem a pagar um pouco mais por um hotel mais seguro ou táxis para evitar que as viajantes andem sozinhas durante a noite.
Ter uma conversa franca com as funcionárias, informando-as quais são os riscos que poderão encontrar durante a trajetória, também é uma boa alternativa, segundo Carolyn. “É preciso que as empresas sejam transparentes e forneçam a elas informações como o padrão do hotel onde ficarão hospedadas, a classe em que voarão na aeronave e que tipo de transporte terrestre terão à disposição após o desembarque", explica a CEO da Maiden Voyage.
Essas medidas não se limitam apenas a deixar as viajantes mais confortáveis, como também são obrigação legal para proteger um grupo cada vez maior de mulheres que viajam a trabalho. Uma pesquisa conduzida pela Global Business Travel Association (GBTA) mostra que 37% dos viajantes de negócios dos Estados Unidos no ano passado eram do sexo feminino, o que representa um aumento de 35% em relação a 2013.
“Estamos começando a ver as empresas incluindo uma pergunta para as TMCs na RFP, questionando o que as agências têm feito para proteger suas viajantes mulheres, já que muitas agências corporativas nem sequer começaram a pensar nisso. Participei de uma conferência de viagens onde foi perguntado aos presentes quantos consideram as necessidades específicas de gênero em suas políticas de viagens. Apenas 10% deles levantaram as mãos. Acredito que os gestores de viagens estejam mais conscientes dos desejos e necessidades de suas viajantes do que os TMCs”, salienta Carolyn.
Porém, muitos desses gestores estão tão preocupados com a redução de custos em suas políticas que nem acabam considerando o fator humano, fato que poderá acarretar prejuízos muitos maiores depois, caso algo dê errado com suas viajantes. “Isso gerará um impacto muito mais amplo na empresa, envolvendo também sua reputação, o custo real da pessoa que saiu, se feriu ou se recusa a voltar e todas as questões de seguro em torno disso, o tempo gasto no RH, entre outros", explica Carolyn.
O caminho mais difícil e caro é olhar para a segurança, mas reservar hotéis e serviços de transporte destinados exclusivamente ao público feminino pode trazer resultados muito mais eficientes nos negócios, além, claro da satisfação das viajantes. "Até os serviços de economia compartilhada, como Airbnb e Uber, por exemplo, já estão de olho no crescente mercado de viajantes corporativas e procuram desenvolver produtos que atendam a ele. Opções é o que não faltam, basta pesquisar", conclui a especialista.
Fonte: Panrotas