Com um placar de 55 votos a favor e 22 contra, o Senado aceitou, na manhã desta quinta-feira, o pedido de abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Com isso, Dilma fica afastada por até 180 dias do cargo e o vice, Michel Temer (PMDB), assume interinamente o País.
O processo no Senado segue e pode ser encerrado antes do prazo de seis meses. Se for considerada culpada, ela sai do cargo definitivamente e perde os direitos políticos por oito anos. Com isso, Temer será o presidente até o fim de 2018. Se for inocentada, volta à presidência para encerrar o segundo mandato.
A situação delicada da política nacional tomou conta dos noticiários e o Portal PANROTAS, especializado na indústria de Viagens e Turismo, ouviu representantes de algumas das principais entidades do segmento para entender qual o impacto desta decisão não só para o mercado, como também para o futuro do País. Confira.
Edmar Bull - Abav Nacional - Estamos vivenciando indiscutivelmente um capítulo importante em nossa história política. Torcemos para que não haja retrocesso nos pleitos em que avançamos e, de nossa parte a garantia é de que continuaremos trabalhando com o mesmo espírito de união e disposição em contribuir para que haja cada vez mais entrosamento entre a iniciativa privada e o governo.
Marcos Balsamão - Abav-SP - Queremos que a mudança no comando do País represente um novo pacto e devolva a confiança à toda sociedade civil organizada. Nesse contexto, a Abav-SP mantém o propósito de aprimorar a qualidade da sua representatividade junto aos associados, por meio do diálogo franco, continuado e da melhor oferta de serviços.
Rubens Schwartzmann - Abracorp - Não cabe entrar no mérito da questão [se o afastamento de Dilma é bom ou ruim para o segmento]. Esperamos que a nova ordem faça bem ao Brasil e reconheça a importância do Turismo como vetor crucial para o deslanche da economia. Enquanto entidade do agenciamento de viagens corporativas, a Abracorp seguirá cumprindo sua missão com ética, transparência e defesa intransigente das melhores práticas.
Luigi Rotunno - Associação Brasileira de Resorts - Estamos vivendo uma situação de total asfixia da economia brasileira. Mudanças são indispensáveis. Porém, talvez, essa primeira não seja suficiente para obter o resultado esperado.
Ralf Aasmann - Air Tkt - Neste momento de tantas incertezas precisamos de mudanças. Os próximos dias podem ser determinantes para o nosso mercado, e o Turismo é muito sensível a qualquer reflexo de incertezas, mas também nossa recuperação é grande. Acreditamos em melhoras como ja vem mostrando nestes dois últimos meses. Vamos torcer para um novo Brasil e que o novo governo traga esperanças para todos nós.Emerson Souza
Patricia Thomas – Alagev - Esse momento de crise e instabilidade financeira impactou bastante o mercado de viagens corporativas, as empresas reduziram seus orçamentos e esse segmento tem um papel significativo na economia do nosso país.A Alagev apoia todo movimento que represente recuperação da economia, melhoria, crescimento e desenvolvimento. O afastamento da Dilma representa um desejo de mudança e tenho certeza que será positivo para nosso setor.
Fernando Santos - Aviesp - Só consigo olhar para o futuro com esperança. Com a esperança que o próximo presidente reconheça a importância do Turismo no cenário brasileiro, hoje tão desgastado por uma crise profunda, que estagnou o País. O Turismo tem que ser considerado uma indústria bastante rentável e pode ser uma das ferramentas para que o Brasil reverta o atual cenário. O governo tem que fazer sua parte, pois a iniciativa privada faz, às vezes, muito mais do que se poderia esperar.
Magda Nassar – Braztoa - O País está em compasso de espera, e isso é desconfortável, pois nós, do Turismo, trabalhamos com o mundo e não só com o Brasil. Estamos fragilizados e prova disso foi a repercussão da decisão do Waldir Maranhão (PP-MA) [presidente interino da Câmara dos Deputados]. Ele revogou a decisão do impeachment e logo em seguida o dólar subiu e as especulações das empresas estrangeiras começaram. Meu partido é o Turismo e o que eu realmente espero é uma solução definitiva, independentemente do resultado do processo. Temos de ter um governo minimamente confiável para que nosso trabalho siga com uma boa relação com o governante, seja com Dilma ou Temer. A verdade é que não podemos continuar do jeito que está. A situação está temerária. Precisamos lembrar que nossa opinião política não importa, mas sim que a nossa imagem lá fora seja revertida. A nossa MP 713 [que reduz de 25% para 6% o valor do Imposto de Renda Retido na Fonte incidente sobre remessas ao Exterior] precisa ser votada, nosso País precisa andar. Além disso, é bom lembrar que a crise é tão profunda que não vai se resolver logo, mas uma solução definitiva é o primeiro passo.
Marco Ferraz – Clia Abremar - Cremos que, nessa semana, o Brasil começa uma nova fase. Esperança e renovação são as palavras-chave, não apenas do setor de cruzeiros marítimos, como também de todo o trade. Seguiremos unidos, trabalhando em conjunto com o ministro e todas as autoridades no desenvolvimento do setor, que tanto tem a acrescentar na economia brasileira.
Alexandre Sampaio - FBHA - A chegada do novo governo, que assume com a missão de estancar a que deve ser uma das mais graves crises já vividas pelo Brasil, pode representar um novo ciclo para a economia brasileira e, consequentemente, para o turismo do País. É um momento intenso e delicado, que demanda ações e projetos estratégicos rapidamente estruturados e levados à prática para reverter o ciclo recessivo da economia.
No turismo, o período é de grandes oportunidades: por conta da cotação do dólar frente ao real, o Brasil subiu no ranking dos destinos mais procurados por turistas estrangeiros, e, devido à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que também atraem milhões de turistas, estamos na vitrine do planeta. Mas, ao mesmo tempo, vivemos um momento de crise, como todos os outros setores da economia, principalmente no turismo de negócios, cuja ocupação hoteleira nas capitais caiu de maneira significativa nos últimos tempos.
A FBHA e os empresários dos segmentos de hospedagem e alimentação esperam que Projetos de Lei importantes, que hoje tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, sejam enfim aprovados, incentivando a atividade produtiva, melhorando o ambiente de negócios nacional e levando o setor produtivo a movimentar a economia, gerando empregos e renda. A regulamentação dos hotéis-cassinos, por exemplo, uma das proposições em tramitação no Legislativo, pode movimentar anualmente algo em torno de 15 bilhões de reais, além de gerar cerca de 400 mil novos postos de trabalho e renda.
Com um ambiente de negócios melhor, mais justo e juridicamente mais seguro, e a grande e inquestionável vocação do Brasil para o turismo, estou certo de que poderemos contribuir sobremaneira para a reversão do quadro econômico atual.
Manuel Gama - Fohb - Para o Fohb, a concretização do impeachment abre a possibilidade de o País encontrar a governabilidade e alternativas para sair desta crise ética, política e econômica. Acreditamos que é fundamental que o novo governo adote medidas objetivas para a recuperação e o crescimento da economia, para que melhore o ambiente de negócios, conferindo tranquilidade às empresas para investirem e, assim, progredirem no Brasil. Esperamos que a classe política considere o setor de turismo, e nele inclui-se a hotelaria, como umas das saídas para o desenvolvimento econômico do País.
Fonte: Panrotas