Aéreas lucram como nunca, mas passageiros apertam os cintos

31/07/2014

 

American Airlines, United Airlines e Delta Air Lines apresentaram lucro recorde como resultado do segundo trimestre. O impressionante rendimento formou forte contraste com a péssima situação pela qual a indústria passou nos anos mais recentes, afetada por falências e os crescentes problemas resultantes de fusões de grande porte.

 

As notícias foram tão boas que a American Airlines, recentemente fundida à US Airways em dezembro, disse que aumentaria a contribuição para a pensão de seus funcionários e, pela primeira vez desde 1980, começaria a pagar dividendos trimestrais aos acionistas. American e United também disseram que lançariam programas de recompra de ações de USS 1 bilhão, seguindo o rumo da Delta, que renovou seus programas de dividendos e recompra de ações no ano passado.

 

"É difícil acreditar que, há menos de oito meses, a American estava em situação de falência, mas, hoje, temos lucro recorde, pagamos a dívida antecipadamente, fazemos contribuições adicionais para a pensão dos funcionários e declaramos dividendos aos acionistas", disse o diretor executivo da empresa, Doug Parker, em mensagem aos funcionários.

 

Outras grandes empresas aéreas dos Estados Unidos - JetBlue, Alaska Airlines  Southwest Airlines - também apresentaram lucro impressionante para o segundo trimestre e, na segunda feira, a cada vez mais próspera Virgin America anunciou que vai abrir seu capital.

 

Mas, com os investidores preparados para colher as recompensas de uma indústria aérea que ganhou nova sustentação, parece não haver sinal de benefícios para os passageiros. Citando leis regulatórias, porta-vozes da American e da United não quiseram comentar eventuais planos de usar as reservas, para reduzir as taxas e preços cobrados. Um porta-voz da Delta não quis responder imediatamente quando seu comentário foi solicitado.

 

Em vez disso, de acordo com as previsões dos analistas, as tendências da indústria apontam para a manutenção ou até aumento dos preços para o consumidor em meio à virada na sorte da indústria.

 

Os impressionantes informes de rendimentos divulgados na semana passada trazem "evidência de como as pessoas estão dispostas a pagar esses preços mais altos, resultando num lucro maior", disse Bob Mann, analista da indústria aérea e ex-executivo de uma delas. "Por que as linhas aéreas reduziriam o preço de suas passagens? Com isso, estariam apenas prejudicando a renda e o lucro."

 

O custo ligado às viagens aéreas aumentou nos anos recentes. Na primeira metade de 2014, os consumidores pagaram em média USS 88 a mais por viagem doméstica de ida e volta do que na primeira metade de 2010, de acordo com dados da Airlines Reporting Corporation. Os passageiros também pagaram em média USS 9 a mais em custos associados - taxas de bagagem, alimentação durante o voo, planos de fidelidade e milhas, e outros - por cada viagem no ano passado do que em 2007, de acordo com dados da IdeaWorks Co.

 

Kendall Creighton, diretora de comunicação do grupo de defesa dos direitos do consumidor de serviços aéreos Flyers Rights, disse estar preocupada com o aumento no custo das viagens aéreas enfrentado pelos consumidores, que, segundo ela, não apresenta sinais de desaceleração.

 

Para a família americana média, "é quase impossível sair de férias", disse Kendall. "Não há como deter essas tarifas."

A indústria aérea associou o aumento nos preços a impostos mais altos. "A indústria aérea é cíclica", disse Jean Medina, porta-voz do grupo Airline for America, em e-mail. "Embora essas empresas tenham se mostrado modestamente rentáveis nos quatro anos mais recentes, isso ocorre após a perda de dezenas de bilhões de dólares e corte de um terço da força de trabalho."

 

Fonte: Estadão

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