"Férias off-line", o novo luxo para os millennials

15/12/2017

Uma geração hiper estimulada pela tecnologia parece surpreender quando busca a serenidade da natureza como próximo destino de viagem. Os millennials estão classificando experiências que incentivam o silêncio, a desconexão e a reintrodução à natureza como um luxo essencial; e todos, desde as principais marcas hoteleiras até os grandes empresários, estão respondendo ao pedido.

Para uma nova geração de trabalhadores digitais, o luxo parece mais com o Livingston Manor Fly Fishing Club (LMFFC) - uma coleção de pousadas e casas de campo, dentro de cinco hectares de terra, nas Montanhas Catskill, em Nova York - do que um hotel urbano de cinco estrelas.

"Definitivamente, consideramos que somos de luxo em um sentido transformador. Sendo apenas a duas horas de distância da cidade de Nova York, nunca competiremos com o nível de luxo tradicional fornecido na cidade, mas nossos clientes nem esperam que façamos isso", disse um dos três fundadores do LMFFC, Tom Roberts.

Segundo ele, se hospedar no local é obter uma experiência imersiva na natureza, desconectando-se da rotina agitada da vida moderna e conectando-se com o grupo ao seu redor em um nível muito mais profundo. "Essas atividades são considerados verdadeiros luxos para a maioria dos nossos convidados", afirmou.

 

Os quartos no LMFFC podem custar entre US$ 500 e US$ 850 por final de semana, dependendo do quarto e da quantidade de atividades inclusas, o que, de acordo com Roberts, são uma parte essencial da estada. "Seja construindo um fogueira, aprendendo a arte antiga da pesca, pulando no rio depois de uma sauna ou compartilhando um sanduíche em uma mesa comum, sob as estrelas, o luxo está na experiência de estar conectado à natureza e uns aos outros", comentou o fundador do espaço.

A co-fundadora da revista americana de saúde e bem-estar Well + Good, Melisse Gelula, defende que há uma escassez em oportunidades de ficar quieto, onde ter um tempo sozinho ou sem fazer nada acabam sendo considerados momentos tão valiosos. "Em um mundo onde constantemente ressaltamos o quanto estamos ocupados, as pessoas muitas vezes se mostram dispostas a pagar pelo silêncio", afirmou.

Grandes marcas hoteleiras também estão lidando com esta nova demanda, implementando aspectos da natureza e de bem-estar em suas estruturas. Por exemplo, a Soho House ajustou lentamente sua programação, tradicionalmente de moda e entretenimento, para incluir mais aulas de meditação e sessões de ioga. A rede Four Seasons, por sua vez, recentemente anunciou o lançamento das Wellness Rooms com as meditações do mestre Deepak Chopra, onde a união se refletirá em menus de jantar saudáveis, servidos no quarto, iluminação mutáveis através do humor e tapetes Alo Yoga.

O vice-presidente das marcas de luxo da AccorHotels, Andrew Gibson, construiu uma carreira em torno de como melhor incorporar o bem-estar na estada dos hóspedes. "Eu esperaria ver qualquer coisa que se concentre em alívio do estresse ou fitness como um caso de sucesso", disse Gibson sobre a próxima onda de mudanças nos padrões de luxo.

Os millennials ainda apreciam e vivem da tecnologia, usufruindo e evoluindo das infinitas possibilidades presentes na web, porém pode ser notado o desejo destes mesmos consumidores de resgatar o contato e a vivência off-line. Este movimento impacta o setor e impulsiona as marcas na adaptação frente à recente demanda. Onde antes o investimento em atualizações seduziam os jovens, agora um ambiente mais sereno pode ser o refúgio perfeito para os conquista-los.

 

Fonte: Panrotas

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